“Professor, como melhorar minha pirueta?”
Essa é uma das perguntas que mais ouço nas minhas aulas por jovens bailarinos. Partindo do vídeo foco deste post vamos ao mundo das espirais e entender como elas nos ajudam nos giros, na dança, na vida.
Analisando o GIF acima vemos como a ação das espirais no início dos giros contribuem para a fluidez do movimento, percebemos como a bailarina retrocede os braços na direção oposta do giro para acionar a torção necessária para que a pirueta aconteça. Alí, nota-se como isso também contribui para o acionamento da musculatura cruzada do abdômen, apresentando o core como uma estrutura dinâmica e coordenada, NÃO RÍGIDA.
As espirais não estão só nos giros, temos espirais acontecendo em uma série de regiões do corpo auxiliando o jogo de movimento das articulações. Irei escrever mais sobre elas em breve, por enquanto fiquemos com as espirais do tronco na tomada de ação da pirueta.
Faltou um pouquinho de ação do plié da perna de base na saída da pirueta, mas nada que tenha distanciado os olhos de quem vê de um giro fluido. Nesse caso, a tomada rápida do retiré na perna de ação e os braços chegando ao topo-diagonal com velocidade (e sem perder a estabilidade escápulo-umeral) deram conta do recado.
Agora a distribuição do peso, vamos lá.
Distribuir o peso nas duas pernas? Na perna da frente? Na perna de trás? Qual seria o ajuste ideal?
A orientação que passo para meus alunos é aquela que aprendi: peso distribuído em maior quantidade na perna de base (nesse caso, a perna da frente). Essa organização do peso (ou da massa se formos criteriosos no uso do termo) nos traz duas consequências favoráveis ao giro:
- O tempo de ajuste do tronco na perna de base é menor, ou seja, o alinhamento do centro de massa (quadril) com o ponto de apoio no solo ocorre mais de imediato;
- Nessa distribuição podemos diferenciar a dinâmica e profundidade dos pliés, sendo que o plié da perna da frente ocorre de forma mais elástica, ao passo que o plié da perna de trás é menor e mais em rebote junto ao movimento de “brush” com os dedos do pé da perna de ação.
Sim, a proposta aqui é que diferenciemos os pliés de ambas as pernas!
O professor Finis Jhung tem um vídeo interessante de decomposição de piruetas, assista aqui. Ele não fala da diferença de dinâmica de pliés, mas dá pra ter uma boa ideia da coordenação e torções necessárias, além da distribuição do peso.
Mas e agora, não será muita coisa pra se pensar em um movimento tão rápido? Para melhorar minha pirueta preciso pensar em tudo isso ao mesmo tempo?
Tem tudo isso e mais um pouco na técnica, não precisa pensar em tudo, e quer saber, a gente aprende mesmo essas coisas pra poder pensar em outras durante o giro, pois elas ficam lá no lugar da aprendizagem, da memória, da inconsciência, liberando o caminho pro prazer, pro olhar, pra paixão. Cada vez menos gastamos nosso pensamento com a técnica e com os ajustes biomecânicos, de coordenação e de dinâmica, nesse ponto se chega mais próximo daquilo que sentíamos quando os primeiros indícios da paixão pelo movimento se deram na vida de cada um, no lugar em que desejo e prazer preenchiam o gesto dançado.
Esse lugar se resignifica com a chegada da técnica, mas desde que ela ocupe seu lugar mais implícito e que se mostre a partir do desempenho motor recheado das significações e sonhos do artista. Pois, aprendizagem motora pode ser verificada pelo desempenho motor, pela forma. Mas, quando pensamos em dança, esgotamos o pensamento somente no aprendizado motor?
#deixamover
– CHEGOU ATÉ AQUI? Compartilhe o post usando os botões à esquerda e ajude a página a crescer –
– Aproveite para ativar as notificações de post. Clique no sininho vermelho no canto inferior direito da tela –
(Ficou alguma dúvida no texto? Utilize a caixa de comentários abaixo ou escreva para contato@deixamover.com.br. Leia outros posts do site)











